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em toda a Hespanha que recebêra e exercitára a Typographia. Na primeira Memoria dá o author uma interessante noticia ácrca do famoso e raro Livro de vita Christi, impresso em Lisboa no anno de 1495 per os honrados meestres e parceyros Nicoláo de Saxonia e Valentino de Moravia.-Seguem-se ás duas Memorias dois Appendices: o primeiro trata dos privilegios e honras dos impressores de Portugal; o segundo dá uma breve noticia das cidades, villas e logares onde houve typographia nos seculos XVII e XVIII.

Temos uma Memoria com o titulo: DO COMEÇO, PROGRESSOS, E DECADENCIA DA LITTERATURA GREGA EM PORTUGAL DESDE O ESTABELECIMENTO DA MONARCHIA ATÉ AO REINADO DO SENHOR D. JOSÉ 1-por Fr. Fortunato de S. Boaventura.

A Litteratura Grega foi professada e estudada com grande esmero entre nós, depois que a tomada de Constantinopla (1453), e a consequente queda do Imperio Grego, trouxerão à Italia illustres Sabios, que alli despertárão o gosto das Letras gregas, e resuscitárão na Europa culta d'esse tempo as obras immortaes de Homero e Pindaro, de Euripides e Sophocles, de Xenofonte e Thucidides, de Socrates e Platão.-O periodo mais florescente da Litteratura Grega em Portugal he o dos fins do seculo xv, e quasi todo o seculo XVI. Desde os fins do seculo XVI até ao meado do seculo XVIII decahe sensivelmente esse ramo das Humanidades, até que no reinado do Senhor D. José 1, graças ao illustrado e transcendente espirito do grande Pombal, vêem os portuguezes um rapido clarão de renascimento dos estudos da Lingua Grega, clarão que, por máo fado se tem ído apagando quasi de todo. N'esta Memoria são mencionados os nomes de um grande numero de portuguezes, que até ao reinado do Senhor D. José i se tornárão notaveis pelos seus progressos na Litteratura Grega, e enriquecerão as nossas Letras com differentes traducções e escriptos diversos n'este genero.

-MEMORIA SOBRE o começo, progressos, e deCADENCIA DA LITTERATURA HEBRA CA ENTRE os portuguEZES CATHOLICOS ROMANOS DESDE A FUNDAÇÃO D'ESTE REINO ATÉ AO REINADO D'ELREI D. JOSÉ 1-por Fr. Fortunato de S. Boaventura.

He no seculo xvi que mais floresce entre os portuguezes catholicos romanos a erudição hebraica, podendo citar-se os nomes de Fr. Francisco Foreiro, Fr. Jeronymo da Azambuja, Fr. Heytor

Pinto, D. Pedro de Figueiró, o sabio D. Jeronymo Osorio, e seu sobrinho do mesmo nome, bem como o de alguns jesuitas, etc. etc.-Note-se muito attentamente que esta Memoria he só relativa aos portuguezes catholicos romanos, por quanto a respeito da erudição hebraica dos judeus portuguezes largamente escreveu o academico Antonio Ribeiro dos Santos, cujas Memorias podem ver-se nas da Academia Real das Sciencias.-É muito de ponderar, que a circumstancia de haver o Concilio de Trento declarado a authenticidade da Vulgata, foi parte para que se tivesse em menos conta o estudo da Lingua Hebraica; mas he certo que o Concilio nem tirou, nem podia tirar aos textos originaes a sua divina inspiração e authenticidade.

-Temos uma Memoria com o titulo: DE ALGUMAS PARTICULARIDADES COM QUE SE PÓDE ACCRESCENTAR E CORRIGir o QUE ATÉ AO PRESENTE SE TEM PUBLICADO SOBRE A VIDA E ESCRIPTOS DO CHRONISTA MÓR FR. BERNARDO DE BRITOpor Fr. Fortunato de S. Boaventura.

Nesta Memoria se encontrão curiosas e importantes noticias biographicas e bibliographicas ácerca de Fr. Bernardo de Brito, do qual diz, muito atiladamente, o author que se por acaso não tem obtido a palma da exactidão historica.... merece por certo a da pureza da linguagem, e da clareza do estylo. Sobre o assumpto desta Memoria veja-se:

-Elogio do Doutor Frey Bernardo de Brito, Religioso de Cister, e Chronista Mór de Portugal, escripto em Evora a 2 de Abril de 1628-por Manoel Severim de Faria.

-Vida de Frey Bernardo de Brito, Monge Cisterciense, e Chronista Mór do Reino, escripta de ordem da Academia Real das Sciencias de Lisboa-por D. Antonio da Visitação Freire. Lisboa 1806.

N. B. Quando mencionarmos este escripto, por occasião da Critica Litteraria, citaremos tambem uma Memoria de Antonio de Almeida ácerca dos erros historico-chronologicos da Chronica de Cister.

-MEMORIA SOBRE A vida do chronista mór, FR. ANTONIO Brandão, e o que se póde ACCRESCENTAR AO CATALOGO DOS SEUS ESCRIPTOS, que vem na Bibliotheca LusitanA—por Fr. Fortunato de S. Boaventura.

O erudito philologo diz á Academia, que, se ella acolheu tão

benignamente as noticias que lhe déra ácerca do chronista mór Fr. Bernardo de Brito, de melhor grado receberá as relativas a Fr. Antonio Brandão, chronista, por ventura, mais laborioso que o primeiro, e a todas as luzes mais exacto, e mais assistido das prendas que constituem o verdadeiro historiador.—Entra depois nos pormenores da biographia de Brandão, e, encarecendo o improbo trabalho a que o chronista se deu por espaço de dez annos, faz notar que elle examinára antigas inquirições, livros misticos, escripturas, doações, não só na Torre do Tombo, mas tambem nos cartorios principaes de Lisboa, e nomeadamente nos da Camara e do mosteiro de S. Vicente de Fóra. Na mesma memoria estabelece um bem delineado parallelo entre os dois chronistas Fr. Bernardo de Brito e Fr. Antonio Brandão, que merece ser lido, e he de bastante instrucção. Na segunda parte da memoria dá uma noticia circumstanciada dos escriptos do chronista, até ao presente desconhecidos, dividindo-os em tres classes: 1.a opusculos proprios; 2.a opusculos duvidosos; 3.a monumentos consideraveis, que elle transcreveu por sua propria letra, ou fez transcrever por outrem. E para que se veja.o quanto de interesse nos vae n'esta memoria, permitta-se-me transcrever aqui um formoso trecho da «< Historia de Portugal » do Sr. A. Herculano, no qual, a proposito do desventurado Sancho, he eloquentemente engrandecido o singular merecimento de Fr. Antonio Brandão: «A desgraça é expiação, e a expiação santifica << o desgraçado. Não seremos nós que iremos assentar-nos sobre << a loisa de um principe, que morreu na terra estrangeira, tra«<hido, abandonado, coberto de vilipendios e de calumnias, para <«< resumirmos n'um julgamento final quaesquer illações desvan<«< tajosas, que, ácerca d'elle, se podessem deduzir da historia do «< seu reinado. Punir com as provas na mão os seus hypocritas inimigos, era um dever: era a compensação de quatro seculos << de desprezo, contra o qual uma das mais nobres intelligencias, «que Portugal tem gerado, foi a primeira em protestar. Nós, <«< que, na ordem dos tempos, como em tudo, estamos longe do « illustre restaurador da historia patria, não fizemos senão colligir os materiaes, que devem completar a grande obra de jus<< tiça que elle encetára, porque, mais felizes, vivemos n'uma épo<«< cha, em que a inteira verdade dos factos e a liberdade do pen<«<samento é, emfim, respeitada. »—. >> Admiraveis palavras, que revelão ao mesmo tempo, o os magna sonaturum, a sisudeza de um historiador grave, a generosidade de um homem verdadei

ramente illustrado, não menos que o amor da justiça em beneficio de um escriptor benemerito!...

Temos uma Memoria com o titulo: DO QUE SE póde acCRESCENTAR ao que corrE IMPRESSO NA BIBLIOTHECA LUSITANA SOBRE A VIDA E ESCRIPTOS DO CHRONISTA MÓR FR. FRANCISCO BRANDÃO-por Fr. Fortunato de S. Boaventura.

N'esta Memoria se encontrão noticias biographicas a respeito do Dr. Fr. Francisco Brandão, sobrinho do chronista mór Fr. Antonio Brandão, bem como uma noticia de varios apontamentos interessantes, que se descobrirão entre os seus papeis.

APONTAMENTOS PARA A HISTORIA CIVIL E LITTERARIA DE PORTUGAL E SEUS DOMINIOS, COLLIGIDOS DOS MANUSCRIPTOS ASSIM NACIONAes, como esTRANGEIROS, QUE EXISTEM NA BIBLIOTHECA REAL de Madrid, na do Escurial, e nas de alGUNS SENHORES E LETRADOS DA CÔRTE DE MADRID -por Joaquim José Ferreira Gordo-Sendo ali enviado pela Academia Real das Sciencias de Lisboa no anno de 1790.

N'estes apontamentos encontrão-se alguns subsidios (poucos) para a historia litteraria propriamente dita; abunda, porém, principalmente nos que respeitão á historia politica.-Cabe aqui louvar a Academia Real das Sciencias de Lisboa, por haver encarregado Monsenhor Gordo de ir examinar as bibliothecas e cartorios principaes de Hespanha, afim de adquirir conhecimento das memorias, documentos, e escriptos, de que houvesse de receber luz a historia politica, e ainda a litteraria, maiormente nos dois periodos da desmembração d'este reino do de Leão, e da usurpação dos Filippes.

MEMORIA SOBRE OS CODICES MANUSCRIPTOS, E CARTORIO DO REAL MOSTEIRO D'ALCOBAÇA-por Fr. Joaquim de S." Agostinho. N'esta Memoria alguns subsidios (poucos) se encontrão para a historia litteraria de Portugal.

-POÉSIE LYRIQUE PORTUGAISE, OU CHOIX DES ODES DE FRANCISCO MANOEL, TRADUITES EN FRANÇAIS, AVEC LE TEXTE EN REGARD. PRÉCÉDÉES D'UNE NOTICE SUR L'AUTEUR, et d'une INTRODUCTION SUR LA LITTÉRATURE PORTUGAISE. -par A. M. Sanè.-París 1808.

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Menciono esta obra, não debaixo do ponto de vista da tra

ducção das Odes do nosso Francisco Manoel, mas sim pela noticia biographica e litteraria que M. Sané apresenta acerca do illustre poeta portuguez, e pela Introducção sobre a Litteratura Portugueza.

A Noticia sobre Francisco Manoel he escripta com todo o calor da amisade e admiração que o author consagrava ao nosso compatriota, sem a menor quebra da veracidade dos fa

ctos.

A Introducção sobre a Litteratura Portugueza tem por objecto passar em revista os differentes periodos que a nossa lingua percorreu desde a sua origem, e dar um rapido esboço dos principaes caractéres da litteratura portugueza. Não esperemos pois de M. Sané um largo desenvolvimento, nem um exame muito profundo da nossa historia litteraria; em compensação, porém, encontra-lo-hemos muito conhecedor das bellezas dos nossos melhores escriptores, e fino apreciador do merecimento da nossa Litteratura, sobre a qual, e sobre o progressivo desenvolvimento da lingua portugueza lança um olhar penetrante, e quasi

sempre seguro.

Os portuguezes que lerem a obra de M. Sané não devem ser demasiadamente severos para com um estrangeiro, que fallava das nossas cousas, e a quem não admira escapar um ou outro erro. Assim, por exemplo, quando na Introducção falla da Torre de Belem, confunde-a com o Archivo, a que nós chamamos Torre do Tombo. Percorrendo o reinado de D. João 11, diz M. Sané: La fortification des places ne lui fut pas étrangère; car Garcia de Resende, attaché à son service, et son historien, nous assure qu'il avait dessiné, sous les yeux du Roi, le plan de la forteresse de Bélem, que le Roi Emmanuel fit construire sur le même modèle, et qui sert encore de Dépôt des Archives, dans le port de Lisbonne.-Este e outros descuidos, bem como o modo errado de escrever os nomes de alguns Portuguezes, devem ser desculpados a um estrangeiro, que aliás dá mostras de ter estudado o assumpto de que se occupa, e pugna apaixonadamente pela gloria das cousas e das Lettras de Portugal.

-MEMORIA SOBRE A LITTERATURA PORTUGUEZA, TRADUZIDA Do Inglez. Com NOTAS ILLUSTRADORAS DO TEXTO—por J. G. C. M. (João Guilherme Christiano Muller.)

Em 1808 foi publicado em Londres um Opusculo, que ti

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