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INDICE.

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CAPITULO 1.-0 que he a Litteratura, sua importancia, e al-

cance

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CAP. 2. Continuação dos subsidios que possuimos para a His-
toria da Litteratura Portugueza..

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Chronistas das Ordens Religiosas de Portu al, que fornecem al-

guns subsidios para a Hist. Litt... ..

De alguns Escriptos Ineditos sobre a Hist. Litt. de Portugal.

Dos Portuguezes benemeritos, que nas Universidades estrangei-

ras regêrão Cadeiras de ensino publico....

Пlist. Litt. de Portugal, anterior ao estabelecimento da Monar-

chia . .

3.-0 Capitulo 4.° do mesmo Titulo 2.o comprehende diversos
estabelecimentos Scientificos e litterarios, e por isso darei aqui um
Indice especial desse Capitulo:

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Os outros Capitulos, e §§ não carecem de Indice especial.

TITULO I.

PRINCIPIOS GERAES SOBRE A LITTERATURA.

CAPITULO I.

O QUE HE A LITTERATURA, SUA IMPORTANCIA, E ALCANCE.

La science, c'est l'expression de l'intelligence divine. L'œuvre littéraire, c'est l'expression de l'intelligence humaine. Du premier ordre nous voyons sortir ces âmes privilégiées qui sur la terre portent le nom de Platon, Fénélon, Descartes, Rousseau, Bernardin de Saint-Pierre, lorsqu'ils expriment les lois morales de l'humanité, et le nom de Copernic, Képler, Galilée, Newton, Herschel, lorsqu'ils découvrent les lois physiques de la nature.-Au second ordre appartiennent les fortes intelligences, les âmes poétiques qui comme Homère, Sophocle, Euripide, le Dante, le Tasse, Corneille, Shakspeare, impriment à la société les formes de leur génie, et reçoivent de la nature la beauté de leurs conceptions.

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A. M. - Plan d'une Bibl.

¿A LITTERATURA he acaso professada entre nós, como uma Faculdade, isto he, como um corpo de Sciencia, què tem differentes ramos, differentes disciplinas, á similhança da Jurisprudencia, da Mathematica, da Medicina?

¿Exigem a natureza das cousas, e a conveniencia geral, que n'este sentido seja ella professada?

Eis as questões que pretendo submetter ao exame das pessoas competentes.

Em um paiz, e n'uma epocha em que apparecem Francisco Dias Gomes, Antonio das Neves Pereira, Fr. Francisco de S. Luiz, Trigoso, os Garretts, os Herculanos, os Castilhos, e toda essa brilhante phalange de mancebos esperançosos, cujos nomes he desnecessario mencionar, porque assaz conhecidos e admirados são elles, pelas notaveis producções com que vão enriquecendo as lettras, e grangeando renome á nossa terra; em um paiz, digo, n'uma epocha, em que tão illustres Litteratos se apresentão, parece um paradoxo o julgar necessario tratar taes questões.

Mas esses grandes luminares são uma excepção feliz,—são astros que girão solitarios na immensidade do espaço,—são uma demonstração viva do talento com que a natureza fadou os nossos conterraneos; mas nem o seu elevado engenho, nem os seus magnificos escriptos podem, em boa logica, fornecer argumento para asseverar que em Portugal se dá á Litteratura a importancia que ella tem essencialmente, e muito menos que ella seja professada com a extensão, amplitude, e desenvolvimento que lhe cabem.

E não se pense tão pouco que eu desconheço a excellencia de um certo numero de Memorias de Litteratura, que, por boa fortuna, tantos sabios Portuguezes teem escripto. Serão sempre apreciadas e lidas com grande proveito essas Memorias, que dão testemunho do mais apurado gosto, de judiciosa critica, de uma vasta erudição. Assim, por exemplo, se quizermos saber com todo o fundamento, e com solido conhecimento, assente em seguras bases, o que de mais averiguado póde admittir-se, e asseverar-se ácerca do nosso immortal Camões, será indispensavel lêr com séria attenção o que a respeito da vida e obras do grande author dos Lusiadas escreverão o douto Bispo de Viseu, e outros Litteratos dos nossos tempos. E ainda mais do que fonte de bons conhecimentos devemos encarar essas preciosas Memorias que possuimos; entendo até que as podemos considerar como excellentes modelos no vasto campo da Litteratura, não só em quanto á critica, mas tambem no que toca á linguistica, á philologia, á oratoria etc.

Mas de tudo isto a um corpo systematico de doutrina, a um professorato cabal de Litteratura entre nós, vae uma distancia incommensuravel. Entre o que possuimos, e o de que precisâmos indispensavelmente, ha um vacuo immenso que convém encher, ainda á custa dos maiores sacrificios. Entre as exigencias da natureza das cousas e o estado dos estudos, do ensino, dos elementos, que entre nós existem, medeia um vasto deserto, que a todo o custo devemos reduzir a cultura e tornar habitavel.

A Litteratura propõe-se essencialmente a apresentar-nos um quadro vivo do homem, tal qual elle he em geral, e em particular, isto he, antes e depois de receber as impressões profundas do clima, das leis, dos diversos estados da civilisação, e de circumstancias mil que o modificão.

Este simples enunciado basta para nos habilitar a fazer uma resenha dos elementos que constituem a Litteratura. E com effeito,

o Litterato deve possuir o conhecimento da linguagem com todo o cortejo immenso das questões ethnographicas; da Epopéa heroica, e comica; da Tragedia, e da Comedia; das differentes especies de satyras, contos, fabulas, romances; dos Tratados dos Moralistas; da historia antiga e moderna; da eloquencia, applicada ás differentes especies de composição, e a cada scena particular do drama da vida humana; da arte de pensar, que chama a razão em soccorro da faculdade inventiva, e gera a hermeneutica e a critica para entender e julgar as obras dos outros.

E se este enunciado a priori, inteiramente deduzido da theoria, não satisfaz de todo ponto o nosso espirito, recorrâmos á parte prática da sciencia, e por certo que a nossa convicção ficará assente em solidas bases. Lancemos um rapido olhar sobre os escriptores mais notaveis da Litteratura antiga e moderna-e desde logo conheceremos que todos esses elementos, que acabo de mencionar, entrão essencialmente na constituição organica, se assim posso dizer, da Litteratura. Entre os Gregos, encontramos Pithagoras, Eschylo, Sophocles, Euripides, Aristophanes, Platão, Socrates, Xenophonte, Epitecto, Epicuro, Theophrasto, o Portico, a Academia, Plutarcho, Luciano;-entre os Romanos: Lucrecio, Cicero, Tito Livio, Virgilio, Ovidio, Phedro, Seneca, Tacito;entre os modernos: Shakspeare, Milton, Pope,—Dante, Ariosto, Machiavello, Montaigne, Labruyère, La Rochefoucault, Pascal, Bossuet, Fénélon, Massillon, La Fontaine, Molière,— Fielding, Richardson, Le Sage, Jean Jacques Rousseau,-Barros, Sá de Miranda, Camões, Vieira, etc. etc. etc.

Lendo os immortaes escriptos, as admiraveis producções de todos esses sublimes genios, e de outros, que fôra longo enumerar, acaso não vemos que elles estudarão e explicárão o homem, tanto na sua essencia e generalidade, como na especialidade dos diversos gráos da civilisação? Não vemos que elles explorárão as minas riquissimas da Litteratura nas diversas regiões da Poesia, da Elo-quencia, da Moral, da Historia, da Philosophia e da Critica? E será possivel seguir aquellas aguias em seus vôos altivos, sem adquirir primeiramente a força e destreza, que se tornão indispensaveis para nos arremessarmos ao espaço? Será possivel fazer progressos em uma sciencia que se apresenta com todos os caracteres e titulos de verdadeiramente tal, sem que um systema largo de ensino habilite previamente os que pretendem entrar no sanctuario? Na serie d'esses escriptos, aliàs tão variados, tão diversos nas fórmas, nos objectos, e no fim, como separados no tempo, existe

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