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carta, em que o finado Garrett depois d'examinal-os, dera a respeito d'elles a sua opinião. Essa missiva de que tenho presente a copia authentica, diz assim:

«Lisboa, 24 de Novembro de 1848.-Ill.mo sr. Se a comparação d'esta data com a de 25 de Julho, que traz a sua carta, o admirarem, saiba v. s., se ainda o não sabe, que ha dez dias apenas a recebi, e com ella os interessantes opusculos poeticos, de que tem a bondade de me querer dar conhecimento.

«O porque foi esta demora, não sei; mas o facto passa-se assim. Não faço cumprimentos, nem lisonjas, que não é meu stylo, quando assevero a v. s. que a sua leitura me deu verdadeiro prazer; porque tudo quanto é legitimno portuguez em litteratura me parece um passo dado no caminho da regeneração d'esta terra, que em tudo é por tudo a precisa. Os seus pensamentos, os seus versos, e a escolha dos seus assumptos são realmente tam nossos, que, só por isso, e sem o mais que têem, valeriam muito. Agradeço-lhe pois, ter-me dado este prazer, e esta pura satisfação. Diga-me a quem, e como devo fazer restituição do m. s., e sempre e para quanto possa prestar, disponha de quem é, etc.-J. B. d'Almeida Garrett. »

NUNO MARQUES PEREIRA, natural da villa de Cayru, distante quatorze leguas da cidade da Bahia de todos os Sanctos, no Brasil.-Consta que nascera em 1652, porém nada mais nos dizem os biographos quanto ás súas circumstancias individuaes.-E.

123) Compendio narrativo do Peregrino da America, em que se tractam varios discursos espirituaes e moraes, com muitas advertencias e documentos contra os abusos, que se acham introduzidos pela malicia diabolica no estado do Brasil. Lisboa, na Offic. de Manuel Fernandes da Costa 1728. 4.o de XLVI-475 pag. Foi reimpresso em Lisboa, 1765. 4.o

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Obra de grande merito e importancia para as cousas do Brasil » The chama um illustrado critico brasileiro (Vej. a Revista trimensal do Instituto, tomo XII, pag. 269): porém cumpre confessar que, no tocante ao estylo e locução, participa em subido grau de todos os defeitos proprios da epocha em que seu auctor vivia; e a dedicatoria, na opinião de outro judicioso critico, é escripta com tão desmensurada lisonja, que chega a enjoar, pela baixeza das suas expressões!

Lembro-me de ver não sei aonde accusada a existencia de uma primeira edição do Peregrino, com a data de 1718: porém tenho por certo que tal não ha, visto que na Folhinha biographica brasileira publicada pelos srs. Laemmert para 1862, a pag. 31, o muito erudito sr. Joaquim Norberto affirma positivamente que a obra só fôra composta em 1725.

FR. NUNO VIEGAS, Carmelita calçado, Doutor Theologo, Prior no convento de Lisboa, e eleito Provincial em 7 de Maio de 1661. Foi natural d'Evora, e m. a 20 de Abril de 1666.-E.

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124) Sermão nas exequias do ill."° e rev!' sr. D. Rodrigo da Cunha, arcebispo de Lisboa, prégado na sé a 6 de Fevereiro de 1643. Lisboa, por Domingos Lopes Rosa 1643. 4.

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125) Oração funebre nas exequias do ill. e rev.' sr. D. Francisco Barreto, bispo do Algarve, prégada no convento do Carmo de Lisboa. Ibi, pelo mesmo 1643. 4.

126) Sermão em acção de graças da mercé que o Sancto Christo Captivo fez aos navegantes do patacho N. S. d’Ajuda, vindo da India. Lisboa, por Antonio Alvares 1645. 4.°

127) Sermão no auto da fé que se fez no terreiro do Paço d'esta córte, a 17 de Outubro de 1660. Lisboa, por Domingos Carneiro 1661. 4.o de iv-20 pag.

1) ▾ OBLAÇÃO DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAPHICO BRASILEIRO á memoria do seu presidente honorario, o senhor D. Affonso, augusto primogenito de Suas Magestades Imperiaes. Rio de Janeiro, Typ. Universal de Laemmert 1847. 4.0 gr. de vi-88 pag.

Este livro impresso nitidamente em grande formato e excellente papel, é digno de estimação. Determinára o Instituto que d'elle se tirassem não mais de quinhentos exemplares, e que sómente se distribuissem aos socios effectivos e correspondentes do mesmo Instituto, depois de serem todos numerados e sellados.

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Contém todas as peças de prosa e verso, que na sessão especial 'celebrada pelo Instituto para commemorar aquelle infausto assumpto, leram os senhores socios presentes; a saber: os discursos do presidente, Candido José de Araujo Vianna (hoje Visconde de Sapucahy), e do orador, Manuel d'Araujo Porto-alegre; canto elegiaco por Sanctiago Nunes Ribeiro; discurso do dr. Emilio Joaquim da Silva Maia; ballata, cantico e visão de Joaquim Norberto de Sousa Silva; oblação de Francisco Manuel Raposo d'Almeida; cantico de Fr. Rodrigo de S. José; recordação de Luis Antonio de Castro; allocução de Antonio Pereira Pinto; e ode do dr. Francisco de Paula Menezes.

Todas as referidas peças foram porém reproduzidas e insertas no tomo IV supplementar da 2.a serie da Revista trimensal do Instituto (1851), de pag. 5 a 84.

Eu possuo um bello exemplar da edição original, por dadiva dos srs. Laemmert, que com repetidas e obsequiosas demonstrações d'esta especie continuam a penhorar o meu agradecimento.

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2) (C) OBSEQUIO FUNEBRE dedicado á saudosa memoria do rev. P. D. Raphael Bluteau, pela Academia dos Applicados. Offerecido ao ill. sr. D. Manuel Caetano de Sousa, clerigo regular, por Joaquim Leocadio de Faria, secretario da mesma Academia. Lisboa, por José Antonio da Silva 1734. 4.o de XVI-171 pag.

Contém esta collecção uma oração em prosa de José Freire de Monterroio Mascarenhas, director da Academia, recitada na sessão de 8 de Fevereiro de 1734, a qual occupa de pag. 1 a 18; discursos problematicos sobre a questão proposta: «Se foi maior a gloria de Inglaterra em dar o nascimento ao P. Bluteau, se a de Portugal em possuil-o até á sua morte?» Defendida a primeira

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parte pelo dr. Filippe de Oliveira, e a segunda pelo dr. Jacinto da Silva de Miranda: uma oração funebre e panegyrica de Diogo Rangel de Macedo; e muitas peças em verso, portuguezas e latinas dos academicos André da Cruz, Joaquim Leocadio de Faria, José Corrêa, Francisco Rebello Leitão, Braz José Rebello Leite, Lourenço Pinto, Fr. Francisco Xavier de Santa Theresa, Vicente da Silva Baptista, Manuel Dias Fagundes, Fernando Antonio da Rosa, Joaquim Antonio da Rosa, José Carvalho de Andrade, Francisco Xavier de Sousa Cabral, Antonio Tedeschi, Manuel Lopes, Lourenço de Anvers Pacheco, Antonio de S. Jeronymo Justiniano, Antonio José de Brito, Francisco de Sousa e Almada, Antonio Sanches de Noronha, Francisco Antonio da Silva, Manuel Lopes Salvado Cotta, João Francisco Delfim, Paulo Nogueira de Andrade, Francisco de Pina e de Mello, José Luis Carneiro de Vasconcellos, Thomas de Menezes da Silveira Lobo, Francisco Ignacio Botelho de Moraes, Mathias de Vasconcellos Cabral, e João José de Madureira Lobo. Os cinco ultimos pertenciam á Academia dos Unidos. Ao todo são trinta e quatro. E diga-se que não andavam por esse tempo mui validas em Lisboa as sociedades litterarias!

3) OBSEQUIO FUNEBRE á saudosa memoria do conde da Ericeira D. Francisco Xavier de Menezes. Lisboa, por José da Silva da Natividade 1744. 4.- Ainda não encontrei algum exemplar d'esta collecção, accusada por Barbosa na Bibl., tomo п, pag. 360, mas de que o collector do chamado Catalogo da Academia deixou de fazer menção, merecendo-a ella provavelmente não menos que a precedente, que alli se acha apontada..

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4) OBSEQUIOS, APPLAUSOS METRICOS, E TRIUMPHOS com que foi recebido em Portugal o ex."' e rev. Sr. D. Fr. José Maria da Fonseca e Evora, bispo do Porto, recolhendo-se de Roma, etc. Lisboa, na Regia Offic. Silviana 1742. 4. gr.- Consta de duas partes, com rostos e numeração separados: 1.a Collecção dos applausos com que a cidade de Lisboa celebrou a chegada do ex.' e rer. sr. D. Fr. José Maria, etc., no anno de 1740-de VII-286 pag.2. Applausos em prosa e verso, consagrados ao ex.' e rev. Bispo, na jornada, ingresso e assistencia que fez na cidade d'Evora em 1741-de LX104 pag.

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E livro bem impresso, e em excellente papel. A disposição e estylo das obras que contém, tanto em prosa como em verső, resentem-se assás do gosto que então dominava, e estão por isso mui longe de poderem ser tomados para modelos. Entretanto, como documento historico deve o mesmo livro merecer alguma attenção.

Os auctores, cujos nomes vêm mencionados nas obras respectivas, são: Fr. Antonio de S. Caetano, Fr. Francisco Xavier dos Seraphins Pitarra, Antonio da Silva de Figueiredo, Henrique José da Silva Quintanilha, Fr. Luis das Neves Stella-maris, Fr. Manuel de Nossa Senhora do Monte do Carmo, João Gomes Ferreira, João Fadrique de Mello e Caya, Francisco de Sousa e Almada, José Caetano, Bernardo de Meirelles Freire, Antonio Felix Mendes, Fr. Thomás Dughan, Fr. Pedro da Conceição, Catharina Damasia Borges, Christovam Xavier da Silva Ganhoteiro, João de Sousa Caria, P. José Caeiro, Francisco Xavier do Valle; havendo afóra estes muitos outros anonymos, que não soube descobrir.

E advirta-se, que ha tambem n'este livro uma extensa e erudita approvação, ou melhor, um panegyrico, do censor Filippe José da Gama, que reviu a obra por ordem do Desembargo do Paço; a qual occupa não menos de 50 pag., como já tive occasião de dizer no tomo II, n.o F, 237.

5) OBSERVAÇÕES DAS AGUAS das Caldas da Rainha, offerecidas a todos os enfermos pobres, que necessitam d'este milagroso remedio para cura de seus achaques. Por um curioso. París, na Offic. de Jacob Vicente 1752. 8.o

de XIV-300 pag.-A indicação «Paris» é quanto a mim evidentemente supposta.

Não vi, nem conheço d'este livro mais que um unico exemplar, que em 2 de Junho de 1858 me foi mostrado pelo sr. Antonio Maria Pereira, em cuja loja se conservará talvez ainda hoje.

Vej. sobre o assumpto os artigos Francisco Tavares, Guilherme Withering, Jacob de Castro Sarmento, João Nunes Gago, Joaquim Ignacio de Seixas Brandão, etc.

6) OBSERVADOR PORTUGUEZ historico e politico de Lisboa, desde o dia 27 de Novembro de 1807, em que embarcou para o Brasil o Principe rcgente e toda a real familia, por motivo da invasão dos francezes n'este reino, até o dia 15 de Septembro de 1808, em que foram expulsos, etc. Lisboa, na Imp. Regia 1809. 4.o de 528 pag. (Vej. no Diccionario, tomo п, o n.o E, 122.)

Existe uma alcunhada Segunda edição d'este livro, accusada pelo sr. Figanière na sua Bibliogr. Hist.; a qual tem um frontispicio que diz ser impressa em Lisboa, na Typ. de J. F. M. de Campos 1824. 4.° Consta egualmente de 528 pag. Examinando porém cuidadosamente dous ou tres exemplares que me foram presentes, convenci-me de que tal edição não passa de ser uma das alicantinas industriaes, a que era costumado o sobredito Monteiro de Campos. Porque á excepção da primeira folha que contém 8 pag., inclusive o rosto, as mais são evidentemente as proprias da edição genuina de 1809.

No tomou colloquei esta obra sob o nome d'Estevam Brocardo, que segundo assentos que existem na Imprensa Nacional, foi quem a mandou imprimir em 1809, e correu com as despezas da edição. Inclino-me porém a crer que seria seu auctor D. Benevenuto Antonio Caetano Campos, na hypothese de ser ella a que sob tal titulo vem por elle mencionada no catalogo das suas composições, que anda no fim de um Discurso que em Londres deu á luz no anno de 1829, o qual só obtive muito depois de achar-se impresso no tomo 1 do Diccionario o artigo que lhe diz respeito.

Voltando ao Observador, cumpre dizer que tanto os documentos conteúdos, como a parte narrativa dos acontecimentos, parecem ser de todo ponto exactos. Pelo menos concordam inteiramente com o que se lê na Histoire de la guerre de l'Espagne e du Portugal do general Foy, que se não me engano teve presente esta obra, e d'ella se serviu na composição da sua.

7) OBSERVADOR PORTUGUEZ: Obra de erudição e recreio, por uma Sociedade de Litteratos. Tomo 1. Lisboa, na Imp. de João Baptista Morando 1848. 4. de 217 pag., e mais uma innumerada contendo nma advertencia aos subscriptores. Tomo II. Ibi, na Imp. de Alcobia 1818. 4.o de 135 pag. (Os n.os 3.o e seguintes voltaram a ser impressos na Typ. de Morando.)- Terceiro trimestre (Tomo II). Ibi, na Imp. de João Baptista Morando 1819. 4.o de 132 pag.

Dividiam-se geralmente os numeros d'este periodico em cinco artigos, ou secções: 1. Sciencias e artes. 2.a Litteratura. 3. Poesia. 4.a Critica. 5.a Historia. 6. Geographia. 7.a Biographia.- Em alguns, porém, não couberam simultaneamente todos os referidos artigos. A publicação era semanal. Foram sens principaes collaboradores Nuno Alvares Pereira Pato Moniz, José Maria da Costa e Silva, Antonio Maria do Couto, e outros litteratos do tempo. Esta obra, que contém muitos e variados artigos em todos os ramos indicados, havendo entre elles não poucos verdadeiramente instructivos e curiosos, parou no fim do terceiro trimestre, diz-se que por ordem dos governadores do reino, sendoThe negada a licença para a continuação, e egualmente ao Expectador Portuguez de José Agostinho de Macedo. Serviram de fundamento a esta prohibição os ataques descompostos, e invectivas virulentas com que os redactores de um e outro periodico se aggrediam em reciprocas provocações. A má vontade de José Agostinho aos homens do Observador manifestára-se logo ao appareci

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